O título faz jus ao grande número de bailes e conjuntos de fandango de São Borja.
O fandango é um estilo musical que surgiu na Península Ibérica (Portugal e Espanha), com forte influência árabe, e que há décadas faz parte da cultura do Rio Grande do Sul. Aqui, os gaúchos usam a palavra para se referir aos bailes nativistas, que misturam diferentes ritmos e danças.
A música e a dança gaúchas deixaram o salão Alberto Pasqualini, no Palácio Piratini, ainda mais bonito. Integrantes de entidades tradicionalistas de São Borja abriram e encerraram a solenidade que deu ao município da Fronteira Oeste o título de Capital Gaúcha do Fandango. O governador José Ivo Sartori sancionou a lei.
O Projeto de Lei (PL) 91/2017 é de autoria do deputado estadual Lucas Redecker e foi aprovado pela Assembleia Legislativa por 45 votos a favor e nenhum contra, no dia 5 de dezembro de 2017. Sartori destacou o aspecto histórico da homenagem. "O fandango é uma forma de expressão da nossa cultura e da nossa história. Faz parte da identidade do nosso povo. Por isso, dar ao fandango uma capital é reconhecer a sua importância para o Rio Grande do Sul.
Assim como dar o título a São Borja é reconhecer tudo o que a cidade fez e faz pelo tradicionalismo". O deputado Redecker foi na mesma linha: “São Borja sempre foi a capital de fato do fandango, mas ainda não era de direito. Agora, passa a ser também. É um reconhecimento muito merecido, e todas as bancadas da Assembleia Legislativa entenderam isso”.
Em seu discurso, o Governador José Ivo Sartori enalteceu que o fandango é uma forma de expressão da nossa cultura e história. Faz parte da identidade do nosso povo. Por isso, dar ao fandango uma capital é reconhecer a sua importância para o Rio Grande do Sul. Assim como dar o título a São Borja é reconhecer tudo o que a cidade fez e faz pelo tradicionalismo.
Fandango é uma dança em pares conhecida em Espanha e Portugal desde operíodo Barroco caracterizada por movimentos vivos e agitados, com certo arde exibicionismo, em ritmo de 3/4, muito frequentemente acompanhada desapateado ou castanholas e seguindo um ciclo de acordes característico (lámenor, sol maior, fá maior, mi menor).
É a arte trazida pelos nossos antepassados, ainda hoje sentida e vivida, que orgulhosamente queremos preservar. É por isso que aqui continua a respirar- se folclore.
“… o Fandango Gaúcho é raíz, é semente, é flor, é a sanga da água mais pura, é a cura para os males do amor …”
No Rio Grande do Sul, o Fandango apresenta um conjunto de vinte e uma danças, cada qual com nomes próprios: Anú, Chimarrita, Chula, Rancheira, Tirana, Pericom, Maçarico, Pezinho, Balaio, Tirana-do-lenço, Quero-mana, Tatu, etc.
O acompanhamento é feito por uma gaita e violão.
A coreografia recebe nomes também distintos: Passo de juntar, Passo de marcha, Passo de recuo, Passo de valsa, Passo de rancheira, Sapateio, etc.
As danças gaúchas receberam influências de outras, européias, como o Reel escocês, que gerou o Rilo; a Mazurek polaca, que formou a Mazurca; a Polca-boêmia, a nossa Polca; a Schottish dos escoceses que gerou o Xote.
Há de se considerar ainda o intercâmbio ocorrente na fronteira do Prata, conforme ocorreu com o Pericom, dança registrada na Argentina e no Uruguai, presente no solo gaúcho com o mesmo nome.
O principal traje do gaúcho para o fandango é a pilcha, mas deve ser uma pilcha apropriada para ocasiões sociais, não é permitido uso de facas, boleadeiras, chapéus, boinas, bonés, armas de qualquer espécie, coberturas, esporas, tiradores e outros recursos campeiros que devem ficar guardados em outro local por não serem próprios para a sala de baile.
O Movimento Tradicionalista Gaúcho faz recomendações quanto ao uso da pilcha do peão e da prenda em ambos os casos preservam o princípio de serem simples, discretas e bem cuidadas.
Também é importante notar que existe uma Lei Estadual que reconhece e formaliza o uso da pilcha em eventos sociais e oficiais do Estado do Rio Grande do Sul.
A pilcha é o principal traje para o fandango gaúcho, entretanto em muitas ocasiões não é comum o seu uso, porém isso não impede a realização do fandango.
Exceto em bailes oficiais de entidades tradicionalistas, os trajes sociais ou auto-esporte para homens e vestidos recatados, discretos e sem adornos excessivos para as mulheres geralmente ficam bem aos pares dançantes sem causar prejuízos à beleza e o andamento do baile.
O Fandango Sul-Riograndense
O primeiro fandango gaúcho foi formado pelo hibridismo dA Dança do Lundu que desciam das capitanias brasileiras, ou seja, pela grande variedade de danças desenvolvidas pelos negros africanos, com o fandango que a Espanha enviava às cidades sul americanas. Isso resultou uma série de sapateados, misturados às cantigas brasileiras, às quais vieram se unir cantos europeus, como a tirana (muito popular na época).
Essas cantigas eram o que se hoje se conhece como muitas das Danças Gaúchas: o tatu, o anu, a quero-mana, o balaio, o cará, etc.
Os sapateados por sua vez, tiveram origem na Península Ibérica, mas naturalmente, haviam se adaptado ao Brasil, no ritmo brasileiro. Antes que o fandango desaparecesse de todo, para ceder às danças de par enlaçado, ainda houve a invasão, nos bailes campeiros do Rio Grande, das danças de conjuntos, como o solo inglês, as contradanças, ao lado das criações luso-brasileiras como o caranguejo.
Foi no final do século XIX, o primitivo fandango foi desaparecendo, quando foram banidos dos bailes campeiros os sapateados, as cantigas, as danças em conjunto pelas danças enlaçadas, como os xotes, as valsas, as mazurcas e depois as havaneiras (hoje vaneira).
A singeleza das cantigas, das danças antigas dos primitivos fandangos, ainda se vê nas invernadas artísticas dos CTG´s, Vem pro fandango TCHÊ.
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